07/11/2013

Agora que te encontro

Senta comigo antes que amanheça. Espera só mais um pouco. Promete-me que não inventas. O velho disse que por dentro a terra sempre foi verde. Não sabe quem nunca a viu nua. Dia e noite, noite e dia um relógio marca o compasso da vida. Subo a montanha e perco-me em cada cascalho. O dia e a noite, a noite e o dia, reféns do segundo. Por dentro de nós, o verbo encontra caminho e o corpo cego, obedece. De dia, o dia de novo que não sabe descansar. Um e dois, um e dois, peço que pare a canção e aprenda a contar. 
Quem abre a boca espera que o insecto recorde a palavra que foi esquecida. Arde a língua que já não consegue lembrar. 
Agora que te encontro, não partas. Ensina-me como se despe o olhar.

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